
- Nas
últimas décadas as alergias e intolerâncias alimentares
tornaram-se um grande problema no mundo. Embora alguns casos sejam de
predisposição genética, essa mudança também está associada à piora da qualidade
de vida, estresse, alto consumo de alimentos processados e industrializados,
alimentos geneticamente modificados e melhores técnicas de diagnóstico –
explica a nutricionista Cristiane Perroni.
Como saber se sou alérgico?
Com tantas
possíveis causas é preciso fazer uma investigação no sentido contrário. E o
primeiro passo é o consultório médico, onde, após um levantamento histórico, o
paciente é encaminhado para vários exames.
- Testes
cutâneos, avaliação sanguínea, biópsia intestinal e endoscopia, dieta de
exclusão e teste de provocação oral estão entre os exames que vão detectar o
alimento causador da intolerância ou alergia – elenca Cristiane, que ainda
frisa a importância de identificar o tipo de reação.
Conforme a
nutricionista, enquanto a alergia alimentar é uma resposta imunológica adversa
aos alérgenos (substâncias que podem induzir a uma reação de
hipersensibilidade) presentes nas proteínas dos alimentos, a intolerância é uma
resposta à ingestão do alimento não envolvendo o sistema imunológico,
provavelmente o resultado de uma produção insuficiente ou deficiente
(inexistente) de uma enzima digestiva.
Alimentos geneticamente modificados
Nos casos das
alergias, os maiores causadores são a predisposição genética (50% dos pacientes
com alergia alimentar possuem história familiar de alergia), a introdução
precoce de alimentos em bebês no período de desmame e a permeabilidade do
sistema digestivo.
No entanto, não se pode descartar a culpa dos alimentos geneticamente
modificados. A polêmica que envolve esses produtos é grande e ainda não temos
um estudo conclusivo sobre a influência deles na saúde. Entretanto, algumas pesquisas indicam que, a mesma
tecnologia responsável pelo aumento da produtividade e a redução dos impactos
ambientais da agricultura, está associada a vários problemas de saúde como
infertilidade, mal de Parkinson, alguns tipos de câncer, e diversos problemas
na flora intestinal que podem levar à dificuldade de digerir a lactose e
desencadear e/ou agravar transtornos relacionados ao glúten, incluindo a doença
celíaca, uma grave desordem autoimune.
Conforme um
relatório publicado pela pesquisadora do Instituto de Tecnologia de
Massachusetts, Stephanie Seneff, e o cientista Anthony Samsel, foram
encontrados resíduos de "glyphosate em alguns alimentos," o principal
ingredientes do Roundup, o herbicida mais usado no mundo. Esses resíduos seriam
os causadores e/ou potencializadores dessas disfunções e doenças.
- Os perigos
potenciais dos alimentos geneticamente modificados podem estar associados com
toxicidade, alergenicidade, alterações nutricionais e efeitos antinutrientes e
a possibilidade remota de transferência horizontal de genes. É preciso uma maior
fiscalização de órgãos governamentais para certificar o cultivo seguro, além de
uma maior seriedade por parte da indústria na descrição dos ingredientes nos
rótulos, pois existem outros produtos alergênicos além dos conhecidos glúten e lactose.
Soja, amendoim, nozes e ovos também precisam estar claramente nos rótulos –
alerta Cristiane Perroni.
Riscos dos alimentos geneticamente
modificados
* Efeitos
imediatos de proteínas tóxicas ou alergênicas destes alimentos geneticamente modificados
* Acumulação
de herbicidas e seus metabólitos nas variedades e espécies resistentes;
* Transferência
horizontal das construções transgênicas para o genoma de bactérias simbióticas
tanto de humanos quanto de animais.
Produtos orgânicos
Na dúvida, a
especialista indica a troca de alimentos geneticamente modificados por produtos
orgânicos. Recorra a ferinhas e continue de olho nos rótulos, mas tenha em
mente os alimentos que mais estão relacionados a alergias alimentares: soja,
ovo, nozes, amendoim, lactose, glúten (trigo, aveia, centeio e cevada),
crustáceos, peixes.
Do grupo
destacam-se o glúten e a lactose, que ao contrário da febre momentânea que os
coloca como vilões das dietas, só precisam ser banidos das refeições de algumas
pessoas.
- Com
relação ao leite, há que se diferenciar a alergia da intolerância. A
alergia ao leite é uma reação com sintomas bem mais severos do que a
intolerância e acontece quando a proteína do leite é ingerida. Já a
intolerância surge devido ao açúcar do leite. – explica a nutricionista.
Segundo ela,
o ser humano para de produzir lactase (a enzima que quebra a lactose na
digestão) quando desmama, então é normal que ocorra a rejeição por parte
do
organismo, o que pode aumentar na medida em que a pessoa envelhece. Já a
doença celíaca, ou intolerância ao glúten, geralmente ocorre com
indivíduos
geneticamente predispostos.
Seja qual
for a reação do organismo, ela precisa ser identificada com cuidado para só
depois receber tratamento.
- A
melhor forma de amenizar os sintomas e tratar o problema da intolerância
alimentar é retirar por um tempo o alimento e tratar a flora intestinal, a
nossa barreira imunológica – indica Cristiane, que recomenda antes de tudo uma
visita a um profissional especializado.
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