Uma dor intensa de um lado da cabeça, pulsando no ritmo das batidas do
coração. Se você já viu esse filme - e fugiu para um quarto escuro e
silencioso em busca de alívio -, sabe quanto a enxaqueca atrapalha a
vida. A neurologista Carla Jevoux, membro da Sociedade Brasileira de
Cefaleia, esclarece dúvidas e apresenta as melhores armas para
interromper e prevenir futuras crises.
Toda dor de cabeça é enxaqueca?
Não, há quase 200 tipos de dores de cabeça (ou cefaleia), com sintomas e
tratamentos diferentes. A enxaqueca é a campeã de consultas médicas.
Produz dor latejante, de moderada a forte, em geral na metade da cabeça,
que pode durar de quatro a 72 horas. Atinge 17% das mulheres e 7% dos
homens e não perdoa nem crianças. O pico de incidência é entre 20 e 40
anos.
Por que as mulheres sofrem mais?
A enxaqueca é quase três vezes mais comum entre nós por razões
hormonais: 70% das dores pioram antes e durante a menstruação. A maioria
melhora na gravidez e a partir da menopausa.
Além da enxaqueca, há outras cefaleias que "preferem" o sexo feminino.
Em um estudo realizado pela neurologista Eliana Melhado, da Sociedade
Brasileira de Cefaleia, 81% das mulheres se queixaram de dor de cabeça
ante 59,7% dos homens. A dor de origem cervical, por exemplo, inicia-se
na coluna, na altura da nuca, em resposta à lesão ou não, e se alastra,
atingindo a cabeça toda. Sua incidência é de quatro mulheres para cada
homem. Nós também somos mais propensas às cefaleias decorrentes de
hipertensão arterial, distúrbios da articulação da mandíbula (ATM),
nevralgia, ansiedade e depressão.
E há um tipo específico que provoca dores extenuantes de um dos lados
da cabeça, além de olhos vermelhos e lacrimejantes, queda da pálpebra e
coriza (hemicrania paroxística). O ataque tem curta duração (de 5 a 20
minutos), mas pode se repetir várias vezes ao dia. A dor que de longe é a
mais frequente não produz tantos estragos. É a do tipo tensional: surge
no fim da tarde, ocasionando uma sensação de peso ou aperto dos dois
lados da cabeça devido à tensão dos músculos do pescoço e do couro
cabeludo. Deflagrada sobretudo por stress, tem intensidade de leve a
moderada e em geral cede com um analgésico comum.

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